CONGREGARH 2023 finaliza edição com auditório lotado para ouvir sobre a dinâmica dos estereótipos e a importância das conexões criadas a partir de líderes

O CONGREGARH 2023, que debateu o tema “Olhar sistêmico, Conexões que importam”, encerrou o último dia de atividades nesta sexta-feira (23). Realizado no Centro de Eventos da PUCRS, o evento contou com três dias de intensa programação, composta por exposição e por palestras durante dois turnos de muito conteúdo compartilhado. Duas grandes e esperadas atrações se apresentaram com as palestras de tema “Dinâmica dos Estereótipos” e “Líderes que formam redes”.

 

Professora Rita von Hunty explica como são criados os estereótipos e qual a consequência dessa cultura

Rita von Hunty subiu ao palco principal do CONGREGARH para falar sobre a “Dinâmica dos Estereótipos”. A especialista em estudos culturais, contraditoriamente já estereotipada por ser conhecida como uma professora drag queen, papel interpretado por Guilherme Terreri, começou sua palestra de maneira inclusiva, fazendo uma autodescrição da sua aparência para que todos tivessem a oportunidade de participar.

 

A palestrante explanou sobre a origem da palavra cultura que, segundo ela, é algo fundamental para compreensões, debates e disputas. “Cultura é cultivar algo e não permitir que morra. Quando olhamos para a cultura de um povo, olhamos para um sistema complexo, composto de valores e significados”, comentou.

 

A cultura é boa? Não necessariamente, disse Rita. “Cultura do estupro, do racismo, de faixas etárias, por exemplo, são horríveis, mas são cultivadas, assim como a cultura do estereótipo”, argumentou. Em uma apresentação repleta de termos “estereotipados” (nordestino, barriga verde, denegrir, judiar, mulata, pivete, entre outros) e de uma análise profunda sobre a origem de cada um deles, a palestrante mostrou como os estereótipos causam distinção de valores e como isso gera problemas sociais. Feminicídio, casamento infantil, homofobia, desemprego e muitas outras questões são originadas na forma como um grupo ou um indivíduo pensa com base em suas experiências de mundo sobre outro grupo ou indivíduo, fazendo, assim, julgamentos que promovem esses problemas.

 

Rita levou o público a pensar sobre quando um grupo fala sobre outro e produz uma imagem do outro, os impactos causados ao mundo podem ser gigantescos. “Em vias gerais, estamos falando sobre escolhas, sobre quem vive e sobre quem morre. E quem deve dizer o que é uma vida ‘vivível’ e o que é uma vida ‘matável’? Tudo isso diz respeito a estereótipos”, explicou, chegando à conclusão de que a opinião das pessoas, por fim, acaba sendo resultado de coerção social.

 

“Uma vez que você consegue entrar no coração das pessoas, elas passarão a fazer muitas coisas diferentes, pois você será capaz de influenciá-las”, destacou Dan Cockerell ao contar sua experiência na DIsney

O CONGREGARH 2023 finalizou sua programação convidando para subir ao palco Dan Cockerell, com a palestra de tema “Líderes que formam redes”. Para um auditório lotado, o ex-presidente do Magic Kingdom, parque da Walt Disney World Resort, compartilhou suas experiências à frente da organização em que esteve por 26 anos, e mostrou como é possível desenvolver conexões e contribuir para os resultados que se deseja colher a partir de uma posição de liderança.

 

Para Dan, existe apenas uma forma disso acontecer, que é se colocando em um papel de aprendiz, observador e ouvinte. “No Magic Kingdom, eu reservava ao menos uma hora por dia para caminhar pelo parque. Eu me apresentava aos funcionários, perguntava como estava sendo o dia deles, conversava com eles”, relatou. Dan lembrou que, muitas vezes, as pessoas estranhavam o porquê de ele, vice-presidente, estar ali, no dia a dia, interagindo, almoçando, compartilhando experiências. Contou que a estranheza era tanta que chegou a ouvir teorias da conspiração. “Achavam que eu estava querendo investigar algo, saber algum segredo. Mas não era nada disso, eu apenas queria interagir, fazer conexões”, ressaltou.

 

É isso o que, na opinião dele, falta em alguns líderes, o relacionamento mais próximo com as pessoas, sejam funcionários ou clientes. “Pessoas podem me ajudar e eu posso ajudá-las ao longo do tempo. Precisamos entender que o mundo é um lugar muito complicado e que ninguém consegue fazer nada sozinho. Ninguém se importa se você faz de forma independente, as pessoas querem ver se você faz bem. Portanto, faça acompanhado”, disse.

 

As conexões são fundamentais, segundo Dan, para criar um vínculo emocional e conseguir compreender as experiências sob outro ponto de vista além do seu próprio. Priorizar interações verdadeiras e não apenas transações é o que, na sua opinião, deve acontecer. “Entenda que cada indivíduo é importante. Networking não é um ato único. Se você tiver curiosidade sobre as pessoas, você vai fazer networking toda hora, independentemente de onde você estiver. E uma vez que você consegue entrar no coração das pessoas, elas passarão a fazer muitas coisas diferentes, pois você será capaz de influenciá-las”, destacou. 

Patrocinadores de Gestão

Apoiadores institucionais