Desafios Contemporâneos foi o tema da última manhã de palestras do CONGREGARH 2023

Congresso do evento contou com a participação de nomes de referência que abordaram ESG, Cultura Organizacional e a importância das experiências

 

As palestras da manhã do último dia do congresso do CONGREGARH 2023 abordaram temas do eixo Desafios Contemporâneos. Para tratar sobre gentileza e empatia, ampliação de engajamento por meio da cultura organizacional, os impactos que as experiências provocam nas pessoas e a importância de um líder sustentável para as estratégias de ESG, foram convidados a sócia-fundadora da Umbigo do Mundo e desenvolvedora da plataforma Educação para Gentileza e Generosidade, Marina Pechlivanis; o sócio, diretor e head de cultura organizacional da Crescimentum, Guilherme Marback; a gerente de Employer Branding do UnitedHealth Group, Suzie Clavery; e o CEO e fundador da consultoria Ideia Sustentável, Ricardo Voltolini. O conector Jey Ribeiro seguiu sendo o responsável por trazer os insights do dia anterior.

 

A sócia-fundadora da Umbigo do Mundo e desenvolvedora da plataforma Educação para Gentileza e Generosidade, Marina Pechlivanis, deu início apresentando a plataforma e incentivou o público a uma reflexão sobre como tratamos o outro e como desejamos ser tratados. “Temos que viver em espelhamento. Quando geramos expectativa do outro, temos que retornar essa mesma expectativa”, afirmou, reforçando: “Não adianta colocar empatia na parede, se na prática não é assim".

 

Marina abordou ainda o peso das palavras e como elas podem impactar na vida de uma pessoa. “As palavras têm peso. Tanto podem acabar com o dia de alguém, como transformar”, disse. Segundo a executiva, é necessário que as pessoas entendam que não é um diploma que as tornam melhores, mas sim, atitudes. “Quantas vezes vemos líderes falando de diversidade e inclusão, mas esquecendo que ainda vivemos em um mundo hipócrita e preconceituoso?”, questionou. “Um mundo sistêmico exige uma multidisciplinaridade. Gestos de generosidade são poderosos. Respeito não é uma opção, mas uma obrigação”, finalizou, convidando o público a cantar os sete princípios da Educação para Gentileza e Generosidade: gentileza, generosidade, sustentabilidade, respeito, diversidade, cidadania e solidariedade.

 

Gestão baseada em cultura

Para dar seguimento ao compartilhamento de conteúdos, o sócio diretor e head de Cultura Organizacional da Crescimentum, Gui Marback, abordou como orientar intencionalmente a cultura da empresa para ampliar o engajamento dos colaboradores. “Atualmente tudo está relacionado com a questão de viver. Há um grande questionamento coletivo sobre o sentido e o significado da vida, bem como a nossa relação com o trabalho”, afirmou. 

 

A pandemia gerou uma série de questões que fizeram a humanidade repensar os modos de vida e, apesar de não saber ao certo como tudo se dará, Marback acredita que todos estão em um degrau evolutivo e que é preciso encontrar o equilíbrio interno com o desequilíbrio externo. “É importante se conectar com o que está acontecendo. Mas como solucionamos isso e ainda fortalecermos a saúde organizacional?”, refletiu, afirmando que o melhor caminho seria implantar uma equipe executiva coesa, além de criar, reforçar e super comunicar com clareza. “As pessoas engajam quando se conectam verdadeiramente com a empresa, estando alinhada com sua identidade e valores, juntamente com a liberdade de se expressar sem medo. Isso é promover um ambiente de segurança psicológica".

 

De acordo com Gui, a identidade está diretamente ligada com questões de porque, o que, onde e como a empresa se mostra, que vão ao encontro dos tradicionais missão, valores, visão e objetivo. “As organizações não se transformam. São as pessoas que mudam”, lembrou, afirmando que é possível mudar de forma intencional a cultura da empresa. 

 

Para isso, o executivo apresentou a metodologia 5C, onde se trabalha o compreender, o comprometer, o cocriar, o construir e o conferir. “Precisamos olhar para três grandes dimensões: estratégia, liderança, e cultura. A cultura alinhada intencionalmente é o que irá sustentar os desafios estratégicos”, disse. A cultura organizacional, segundo Gui, nasce a partir de crenças e valores que estão na raiz dos comportamentos. E tudo está baseado nas necessidades do indivíduo”, contou, finalizando. “Os nossos comportamentos são nutridos por pensamentos, sentimentos, valores, prioridades, e necessidades. Isso é o básico. Liderar com valores é liderar dentro das necessidades humanas".

 

O impacto das experiências nas pessoas

Para falar sobre como as experiências das pessoas impactam nas empresas, a gerente de Employer Branding do UnitedHealth Group, Suzie Clavery, trouxe o Employee Experience e como ele pode ser importante dentro das organizações. “O trabalho está sempre em nossas relações. E o seu colaborador estará sempre falando de você”, lembrou, afirmando que agrados, festas e tratar colaboradores como clientes não é um exemplo de Employee Experience.

 

O Employee Experience é uma somatória de experiências dentro das organizações, que une aquilo que se espera da empresa, com o que a empresa pode oferecer, dentro das condições possíveis. “Quando colocamos o colaborador no centro de tudo a relação se torna mais fácil, bem como a entrega de experiências positivas. A satisfação do seu cliente é uma consequência da satisfação do seu colaborador”, explicou Suzie. Além disso, a executiva revelou que as gerações, a partir de agora, olham para questões como oportunidade de crescimento, reconhecimento, compromisso social, ambiente de trabalho prazeroso e remuneração quando vão decidir onde irão atuar. “As pessoas querem trabalhar em uma organização que tenham orgulho de dizerem que pertencem a ela”, afirmou.

 

Para que o colaborador tenha uma experiência positiva dentro da empresa, o tripé boa cultura, tecnologia e ambiente físico precisa ser forte, de acordo com Suzie. “Só exigir das pessoas não faz sentido. É preciso oferecer algo em troca. A grande experiência é a de ouvir as pessoas que trabalham na empresa. Experiência é construir junto, ouvir o outro para engajar e transformar o ambiente organizacional”, disse.

 

E por que a experiência é tão importante? Porque impacta diretamente no resultado econômico das empresas, segundo Suzie. “Alguns dos resultados que podemos perceber é aumento de receita, queda no turnover, mais retorno sobre ativos e mais chances de rankear entre as melhores empresas para se trabalhar”, apontou, apresentando números que confirmam que há consciência da necessidade destas experiências, mas que ainda há dificuldades de colocar em prática nas organizações. “80% da empresas afirmam que está na agenda de negócios, mas apenas 22% já colocaram em prática".

 

Suzi reforçou que uma experiência positiva gera uma reputação positiva, afirmou que as experiências devem ser boas e finalizou dizendo que o diferencial está em ouvir as pessoas. “A experiência é uma responsabilidade de todos. Todos são responsáveis. Isso serve para colaboradores e lideranças. Ser reconhecido como uma potência me marca empregadora passa por isso".

 

O papel do líder sustentável para Estratégias ESG

Fechando a manhã de palestras do último dia de CONGREGARH 2023, o CEO e fundador da consultoria Ideia Sustentável, Ricardo Voltolini, trouxe um panorama da ESG pelo mundo e falou sobre a importância do líder para a eficiência das estratégias dentro das organizações. “Fornecedores e colaboradores querem empresas mais éticas”, lembrou Voltolini, afirmando que as mudanças climáticas estão no centro dos debates. “Estamos desafiando perigosamente um limite do planeta terra que já está trazendo resultados importantes. A pandemia trouxe o tema de forma contundente. E isso aconteceu porque ficamos em uma situação de extrema vulnerabilidade”, disse.

 

O clima e suas mudanças bruscas impactam em negócios como o agro, que sofre com as oscilações. Porém, o tema vai além do clima, de acordo com Ricardo. “Com a ascensão dos millennials ao poder está ocorrendo novas discussões, o que gera uma reoxigenação no mercado. A nova geração já vem pautada na questão ambiental”, disse, ressaltando: “Se a geração de millennials já vem com o ‘chip’ para a sustentabilidade, a geração Z é mais radical".

 

Segundo o executivo, a ESG vai ser o que vai definir o valor das empresas daqui por diante. “Para sermos relevantes como empresas e atrair pessoas, temos que começar a trabalhar com a ideia de como queremos que a empresa seja neste novo cenário e como ela está endereçando as respostas para os seus grande impactos ambientais, sociais e de governança”, enfatizou, explicando que a ESG é a prova ao mercado das iniciativas que estão sendo realizadas referentes ao tema, enquanto a sustentabilidade é a lição de casa.

 

Ricardo ainda abordou como a falta de uma ESG pode “destruir” um negócio no caso das Americanas. “O problema é que isso destrói valor e coloca em risco os colaboradores”, afirmou, trazendo diversos líderes como referências de uma liderança sustentável. “Se eu lidero uma empresa sustentável, tenho um olhar mais positivo do futuro”, explicou, afirmando que, para um líder ser sustentável, ele deve possuir alguns atributos como permear a cultura organizacional, avaliar cenários de riscos, envolver e educar colaboradores, identificar impactos socioambientais, e mobilizar, engajar e incentivar colaboradores.

 

Para Voltolini, “decisões de negócios são atos sobretudo humanos. Cada vez mais as pessoas e o meio ambiente impactarão, para o bem ou mal, nos negócios. É preciso desenvolver as pessoas para que a organização seja uma organização sustentável. Um líder sustentável deve ser cuidadoso, ecocêntrico, inclusivo, ético e transparente.” Para finalizar, o executivo afirmou que todos podem fazer a diferença, incentivando no desenvolvimento das lideranças, estimulando um quadro mais equitativo e diverso, praticando a ética como base do comportamento, envolvendo as pessoas em um projeto de empresa que dá real sentido à vida das pessoas. “As empresas precisam aprender a acolher essa visão. As organizações ainda estão orientadas pela visão de que temos que ter um exército de iguais quando, na verdade, a riqueza vem das diferentes experiências e visões de mundo. O papel é ser agente da mudança. A grande inovação é a humanização. O futuro é humano”.

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